quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

O olhar infantil

Hoje em dia, sinto que o negativismo domina a sociedade. Quando vemos algo de errado, reclamamos. Quando vemos de novo, reclamamos de novo. Aí, quando não vemos mais o que havia de errado, não reclamamos. E nem vemos que o problema foi solucionado. Vivemos num ciclo de fumacinha negra que não permite ver os raios do sol! Nunca vemos o lado bom das coisas, simplesmente deixamos de ver o lado ruim.
Ficou meio confuso, né?

Ilustro com uma história:
Cortaram uma árvore na minha rua, arrancaram até a raiz. E a calçada ficou destroçada. Sobrou só um pedacinho para os pedestres passarem. O resto era o buracão deixado pela equipe que removeu a árvore. Sempre que passávamos por ali, Marina comentava: "está estragado!" "Ainda está estragado!" "Continua estragado." "Poxa, mamãe, ninguém conserta isso."
Até que ontem, uns dois meses depois, passamos por ali e ela disse: "olha, mamãe, tá consertado! Tem uma árvore magrinha no lugar!". 

Na hora, expliquei por que a árvore ainda é magrinha, porque tinha um pedaço de madeira segurando ela, vimos o cimento novo na calçada, essas coisas. Mas, logo depois, fiquei muito, muito feliz por ela ter percebido que o buraco tinha sido consertado e virado uma árvore de novo. Sem ela, confesso que não sei se eu teria percebido. 

O olhar infantil é puro. O olhar infantil vê o que tem de bom no mundo, enxerga o lado positivo das coisas. Vê as árvores, e não os buracos. Queria eu aprender mais com ela!


 


terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

8 meses e 8 dias

Faz quase 11 meses que não apareço por aqui. Nesse meio tempo, muita coisa aconteceu, muita mesmo. Eu ainda estava grávida, o Paco nasceu, a Marina ganhou um irmão, a família cresceu. As dinâmicas mudaram, as relações também, o trabalho aumentou e o chamego matinal ganhou mais um integrante. O bebê já dorme a noite toda, come de tudo, manda beijinho, vai ao colégio. Mas, agora, não é de nada disso que quero falar. Aos poucos vou atualizando os assuntos...

Hoje meu filho faz oito meses e oito dias, dia 16 de fevereiro de 2016. E hoje nos despedimos da amamentação.

Com a Marina, tive breves momentos bons. Com pouco mais de dois meses, comecei a complementar as mamadas através do mamatutti. Com três meses, deixamos o peito de lado e ficamos só com a fórmula, na mamadeira. Foi um desmame bem precoce, bem mais do que eu gostaria. Hoje, olhando a situação do alto da minha maturidade materna (menos, né?), acho que isso aconteceu por um misto de motivos: nervosismo e estresse de mãe de primeira viagem, má orientação (embora na época eu achasse que não), insegurança gerada pelo uso da bomba, e talvez por a Marina sugar menos, sei lá!

O que eu sei é que, mesmo depois de amamentar pouco um filho, nós somos capazes! Se quisermos e acreditarmos, somos capazes! Durante os primeiros dois meses, o Paco mamava só no peito, de três em três horas. No terceiro mês, começou a emendar a noite, pulando duas mamadas. Foi nessa época que a última mamada do dia (às 9h da noite) passou a ser fórmula, sem neuras, sem dramas. As últimas mamadas estavam sendo muito sofridas, uma verdadeira batalha. Então, optei por entrar com a mamadeira e manter a paz. Afinal, todas as outras cinco mamadas do dia eram no peito. E assim continuamos até os cinco meses, quando ele começou a tomar suco de laranja para soltar o intestino (antes era coisa de evacuar duas vezes por semana, uma agonia!). Aos poucos, ele foi crescendo e começou a substituir mamadas por refeições, até que só mamava às 6h da manhã, no peito, e às 9h da noite, que continuava sendo na mamadeira. Durante o carnaval, a mamada matinal começou a ficar mais sofrida também. Durava meros 5 ou 6 minutos (nos dois peitos) e o Paco ficava mexendo as pernas sem parar, inquieto, e me mordia também, nervoso. O cochilo que seguia começou a sofrer também. Ele demorava mais a engatar no sono, ficava agitado. Acabava dormindo e não reclamava até a hora do lanche, mas alguma coisa já não estava legal, né? Hoje, ainda tentei pela última vez. Não foi legal, então levantei, preparei uma mamadeira, ele tomou tudo e apagou na hora. Satisfeito. Pleno.

E, com isso, chegou ao fim um lindo capítulo da minha maternidade. Adorei amamentar, de verdade, até hoje! Não pirei com a bomba. Na verdade, nem tirei do armário e doei já deve ter quase três meses. Acho que isso foi ótimo para não minar a minha confiança em mim mesma. Além disso, teve uma amiga que foi fundamental nesse processo todo e me disse uma coisa que nunca vou esquecer! Eu ficava botando metas na amamentação, tipo "quero ir até os quatro meses, depois a gente vê se ainda dá certo". Até que ela me disse, bem categórica: "Luciana, já deu certo, você já está amamentando ele, não tem porque não conseguir, só se você não quiser".

Aquele "já deu certo" nunca me saiu da cabeça nesses oito meses, e nem vai sair. Toda a frustração que eu senti da primeira vez foi sublimada porque, dessa vez, já deu certo!