quarta-feira, 4 de julho de 2012

Fiz uma tatuagem na cara

Sabe esse negócio de que tatuagem é para sempre? Pois é, como disse uma amiga muito esperta, filho é como tatuagem na cara, não só é para sempre, mas vira quase seu cartão de visitas.

Na teoria, todo mundo sabe que dá trabalho. Mas, na teoria, é outra coisa. Com essa mania de que eu sei de tudo, eu achei que soubesse... Tadinha, ledo engano meu. Eu não sabia de nada. Na verdade, ainda não sei de muita coisa. Sabe aquelas máximas de futebol, de que cada jogo é um jogo, de que futebol é uma caixinha de surpresas. Pois bem, elas se aplicam muito bem à maternidade.

Cada dia é um dia e, principalmente, cada noite é uma noite. E também é uma grande caixinha de surpresas! A realidade é bem diferente de tudo o que a gente imagina.

A dedicação é 100%. Você tem, inclusive, que calcular o seu horário de almoçar, de tomar banho e até de ir ao banheiro em função do bebê. Claro que dá para fazer outras coisas, afinal aqui estou eu, escrevendo no blog! Mas é sempre em função do horário do bebê, e não do meu. Eu escrevo quando ela deixa, enquanto ela dorme tranquila, entre uma mamada e outra, entre uma troca de fraldas e outra.

A interação ainda é quase nula. Dizem que o bebê te reconhece pela voz, sabe quem você é desde dentro da barriga. Mas ela ainda não sabe que é só a mãe dela que vai alimentar ela e abre a boca para qualquer peito que aparece pela frente. Os sorrisos ainda não são sorrisos de verdade, são apenas reflexos de um momento de prazer. Ela não reage a mim, reage a ela mesma.

O choro é a parte mais angustiante e desesperadora. E não conseguir fazer parar. E ela ficar reclamandinho a noite toda, e você não saber o que fazer para evitar aquilo. Momentos de pânico, em que o meu controle vai para escanteio. By the way, na minha experiência, estou descobrindo que manter o controle da situação é um dos pontos mais importantes para uma convivência harmônica em casa, entre todos nós. Mas isso é assunto para outro post!

O amor não é instantâneo, ele vai crescendo. Hoje, amo a Marina muito mais do que amava ontem e anteontem e no dia em que ela nasceu. É tudo um processo, meu e dela. O bebê nasce, a barriga some, a gravidez acaba, mas os hormônios persistem, e é preciso aprender a conviver com ele. A conviver com as crises de choro e depois com a culpa por ter chorado. Aos poucos, a avalanche de hormônios vai se acalmando, a vontade de chorar vai passando e o amor vai brotando, cada vez mais forte, mais intenso, mais para sempre. Mas é preciso ter calma.

O assunto passa a ser praticamente um só: coco mole e coco duro. Ou então mamou e não mamou. Às vezes, é fundamental falar de outras coisas, de trabalho (dos outros, claro), das pessoas (que não bebês), de política, futebol, literatura. Quem se habilita? Por favor! Senão, você acaba passando o dia inteiro comemorando puns e arrotos com vozinha de criança. E não tem adulto que aguente, né?!

O pai é indispensável. Realmente não sei como fazem as mães solteiras. E não estou falando de grana, estou falando de apoio moral, emocional, físico. Estou falando de um abraço forte enquanto você chora só porque ele disse que te ama, de ele ficar com o bebê à noite, depois de um dia de trabalho, porque sabe que o seu novo "trabalho" também é muito cansativo e desgastante.

Em 12 dias, a maternidade já me ensinou muito mais do que eu imaginava, sobre mim, sobre meu marido, sobre minha mãe, sobre minha filha. E sei que ainda tenho um longo caminho pela frente.

E tudo isso para chegar à mesma conclusão que já mencionei lá no início: ninguém sabe como é difícil até passar por isso! Mas vale a pena, cada vez mais!

Minha tatuagem

2 comentários:

  1. Nossa Lú, estou emocionada... a cada frase me arrepaiava mais. Eu quero um dia sentir tudo isso que você descreve tão bem!!! Parabéns por ter essa capacidade de amar e ser amada, de conseguir escrever com o coração e com a alma. Bjs

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    1. Xaxá,
      É uma coisa muito incrível mesmo. Nenhum clichê é capaz de explicar a avalanche de sentimentos que um filho desperta em você. Vem conhecer a pequena!
      Beijo.

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