quinta-feira, 15 de maio de 2014

A descoberta das emoções

Marina está quase chegando aos dois anos e, com isso, já começa a entrar em contato com as suas emoções, tentando entendê-las melhor, ou não. Agora ela já sente medo, e verbaliza isso. Já fica triste, triste mesmo. Já sente raiva e não sabe bem como lidar com ela. E já grita de alegria.

O medo foi uma das primeiras emoções que eu percebi na Marina, de forma bem marcada, até porque ela me disse isso. Estávamos andando na rua e um cara subiu numa moto, bem na nossa frente, ligou e fez o maior barulhão. Ela se escondeu no meio das minhas pernas e disse: "medo, mamãe". Depois disso, já repetiu o mesmo medo para outras motos daquelas bem barulhentas, e para alguns cachorros. Na primeira vez, fiquei bem espantada. Nunca ensinei para ela o conceito do medo, nunca conversei com ela sobre medos, mas ela aprendeu direitinho o que é, e até como se usa a palavra.

Depois do medo veio a raiva. Essa é bem clara também, principalmente porque ela não sabe lidar com o que está sentindo. Às vezes, ela está tentando fazer alguma coisa (abrir o zíper de uma bolsinha, por exemplo). Tenta, tenta, tenta, mas não consegue. E aí se irrita, fecha a cara, resmunga e joga a bolsinha longe. Esse é apenas um exemplo, mas existem milhões, mais de um por dia. O segredo aqui é a maneira como nós, mães, lidamos com isso e ensinamos aos nossos filhos como lidar com a raiva e a frustração. Eu faço duas coisas: primeiro, digo que sei como é difícil, que entendo a frustração dela, mas que tem que tentar de novo. Ajudo, mostro como se faz e pronto. Se isso não adianta e o ataque de fúria continua, aí ela já nem lembra mais o que originou tamanha irritação. Nesses casos, tento distrair, mudamos de ambiente, vamos da sala para o quarto, do quarto para a cozinha, pego coisas que ela goste e pronto.

Aí, tem também os ataques de alegria. Esses são uma graça. Ela fica tão excitada, mas tão excitada, que solta um grito daqueles, bem alto e bem agudo. E ainda bem acompanhado de uma corridinha, uma tentativa de salto ou um quique sem sair do lugar. E mais gritinhos!

Por último, veio a tristeza. Essa me assustou e me impressionou um pouco. Consegui distinguir bem a tristeza em dois momentos. Primeiro, estávamos assistindo ao filminho da Cinderela. De vez em quando, eu ia narrando a história: olha a cinderela, lavando o chão, como brigam com ela, não vão deixar ela ir ao baile. E aí a pequena começa a miar "ilelela, mamãe, ilelela", com aquela vozinha bem tristinha, quase choramingando... Me deu uma peninha. Depois disso, a história toma um rumo melhor para a Cinderela. Ela vai ao baile, está linda, achou um cachorrinho, casou com o príncipe!

Depois, estávamos vendo o Rei Leão. No início, o filme é lindo, com bichinhos e natureza exuberante. Aí, o susto, a manada de gnus sai em disparada atrás de Simba. Momento de emoção. Logo o embate entre Mufasa e Scar. Mufasa morre e Simba vê tudo. E vai para cima dele, gritando pai! Marina, que sempre chama o Dani de papai, nunca de pai, começou a miar "pai, pai, pai", esticando bracinho e tudo. E como sai dessa saia justa, principalmente com a cena seguinte, em que o tio diz que foi o leãozinho que matou o pai. Aí tem que colocar a culpa de tudo na maldade do tio e tirar o foco da morte do pai.

Esses dois momentos me levaram a uma grande dúvida: que filme vou poder ver com a pequena? Todos têm algum momento negativo. Devo evitar? Ou encaro e aproveito a oportunidade para explicar mais sobre isso? Quem tiver mais dicas de como lidar filmes e crianças, por favor me diga!

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